domingo, 29 de julho de 2007

Capítulo 10 - As Primeiras Jogadas

Nos capítulos anteriores...

Davis, Samantha, Jacques, Nicholas, Anthony, Susan, Edwin, Joanne, Jaqueline, Luis Filipe, Johann, Lisa, Ian, Lin Tseng, Melina, Gary e Bispo Di Ravenna. Todos perdidos em uma cidade onde tudo aparenta ser insólito e intrigante. Assim que a maioria das dezessete pessoas se viu naquele lugar, a primeira coisa que notou foi uma admirável estátua que representava duas pessoas jogando xadrez; uma delas um homem e a outra tinha a parte do busto para cima faltante.
Após passarem uma noite na cidade, logo percebem que a manhã promete não ser muito calma. Notando o sumiço de Ian - um do grupo -, Nicholas começa a ficar preocupado. No entanto, outra coisa aconteceu enquanto eles dormiam.



Edwin estava parado em frente à estátua da praça. Não se importava que tivesse começado a chover, se ocupava em explicar a si mesmo aquilo que seus olhos viam.

Estranhando o comportamento do arquiteto, chamaram-no para se esconder da chuva embaixo de alguma árvore. O único som que ele emitiu em resposta foi um sussurro, pedindo para que todos viessem até a estátua.

Assim que as dezesseis pessoas estavam reunidas em torno daquele monumento peculiar, algumas perceberam o que havia de errado. Para as que não notaram de imediato, Edwin apontou para as peças do tabuleiro de xadrez.

Ao entenderem o motivo do espanto do homem, vários pares de olhos se arregalaram. As peças da estátua haviam se movido.

Não eram peças avulsas que podiam facilmente ser deslocadas, elas faziam parte da estátua, estavam grudadas a ela.

Em uma atitude que supostamente esclareceria o mistério ou os deixaria ainda mais atônitos, Luis Filipe segurou em uma das peças que haviam saído do lugar e fez força para levantá-la. Ela não se moveu.

Davis repetiu o gesto. E depois Anthony.

Nenhum deles conseguiu mover a peça nem um milímetro sequer.

- Curioso. Ninguém conseguiria arrancá-las e grudá-las novamente. - disse Davis.

- A menos que a pessoa tenha usado algum objeto para isso. Um laser, não sei...

Samantha foi logo dizendo:

- Impossível, Joanne. Demoraria muito tempo para anexar uma peça à estátua e não ficaria perfeito como está. Apesar das peças terem mudado de lugar, elas continuam como se tivessem sido esculpidas junto com o resto da estátua.

- Pode ser que nós não tenhamos reparado na posição das peças antes. - sugeriu Johann.

- Sugestão plausível, mas não. Eu prestei muita atenção e todas estavam na posição em que geralmente estão no início de uma partida. Todas. - ressaltou Susan.

Mas elas já não estavam mais assim. A posição das peças agora estava refletindo o jogo após várias jogadas. Os peões pretos haviam sido afastados para o rei passar e os peões brancos haviam se deslocado para dar passagem à rainha. As duas peças - o rei preto e a rainha branca - agora se localizavam mais ou menos no meio do tabuleiro, sem que nenhum dos dois reis estivesse em xeque.

Afora isso, todas as outras peças estavam em sua devida posição. Pelo menos as que ainda estavam esculpidas.

- Ei, está faltando duas! - observou Johann.

- Duas o quê? - perguntou Luis Filipe.

- Duas peças. - respondeu.

- É verdade...

Dessa vez era Lisa quem falava. Todos estavam sussurrando, sem saber o porquê. Suas vozes mal se sobrepunham ao som da chuva caindo, contudo ninguém tinha coragem de falar muito alto.

- Há trinta peças aqui. - completou a mulher de Nicholas. - um peão branco e outro preto sumiram.

Alguns se entreolharam, outros observaram mais atentamente a estátua para verificar a veracidade da afirmação de Lisa, mas nas dezesseis pessoas havia um coração batendo forte e aceleradamente.

- Senhor Bispo, - disse Joanne, virando-se para o religioso - quando o senhor olhou pela primeira vez para essa estátua, como ela estava? O senhor foi uma das últimas pessoas que a viu, certamente se lembrará melhor da posição das peças.

- Perdão minha cara, - respondeu o italiano - mas minha memória anda falha e a única vez que olhei para essa majestosa escultura estava tão distante dela que perdi a oportunidade de reparar no arranjo das peças.

O sangue de todos era bombeado cada vez mais agilmente e um alto nível de adrenalina era despejado em suas correntes sangüíneas. Todos estavam tensos. Uma coisa era haver um assassino à solta na cidade, outra muito mais assustadora era ter de fugir de uma força que conseguia mover partes de uma estátua em algumas horas.

A primeira reação deles foi se prontificarem para achar as peças perdidas. Procuraram ao redor da estátua e mesmo em toda a praça, todavia a busca foi vã.

- Então é isso? As peças se movem sozinhas, duas delas somem e ninguém tem uma explicação para isso? - falou Davis.

Todos ficaram em silêncio. Vendo que ninguém poderia explicar o singular caso dos peões desaparecidos e da automovimentação de algumas peças pretas, Nicholas resolveu expor um outro sumiço.

- Ei, algum de vocês viu o Ian? Ele sumiu há horas!

Não houve um que não balançasse a cabeça negativamente.

- O africano?

Nicholas olhou com desprezo pelo tom da voz de Gary, mas mesmo assim respondeu:

- Sim, ele mesmo.

- No mínimo ele está por aí fazendo um ritual da tribo dele. - retrucou.

Apesar da infeliz observação de Gary ter desagradado as outras quinze pessoas, ele não se importou e pôs-se a caminhar pela cidade, já que a chuva havia parado.

- Acha que devemos formar uma equipe de busca?

- Talvez. Faz quanto tempo que ele saiu, Nick? - questionou Lisa ao seu marido.

- Não sei. Quando eu acordei há umas duas horas ele já tinha saído.

- Acho que convém esperarmos um pouco - interveio Jacques.

Com o consentimento de todos, eles decidiram aguardar mais um pouco por Ian.

Contudo, não foi preciso eles formarem um grupo de busca. Trinta minutos depois de ter deixado o grupo, Gary voltou. Seu caminhar parecia normal, mas a indiferença geralmente refletida em seus olhos havia sido substituída por um leve assombro, confirmado pelo seu tom de voz.

- O africano... - Gary disse. - ele está... está morto.

(Continua...)

Próximo capítulo: Domingo, 05 de agosto

2 comentários:

Climão Tahiti disse...

E a trama se forma.

Agora preciso saber quem é que peça do tabuleiro.

O bispo ficou meio óbvio, ou não =p

SabrinaBarnes disse...

muito massa seu blog!!!!!Adoro ler e gostei muito []'s