Assim que viram um homem sangrando estirado no chão, Anthony e Luis Filipe correram em direção a ele. Anthony segurou o pulso do homem e constatou, com consolar-se, que ele estava respirando. Consolado pelo assassino não ter feito mais uma vítima, Luis Filipe virou o homem e confirmou suas suspeitas de que o senhor era um padre; usava um óculos com uma das lentes quebradas, e tinha um terço dependurado ao pescoço.
Cortaram a batina com um pequeno canivete que Luiz Felipe trazia no bolso e puderam descobrir a origem do ferimento: um corte profundo nas costas. Também notaram uma vermelhidão no pescoço, provavelmente havia sido golpeado.
Seja como fosse, o padre precisava urgentemente de alguma assistência. Ele parecia ter quase setenta anos e nessa idade os cuidados devem ser muito maiores. Anthony e Luis Filipe assentiram em levá-lo de volta à praça e assim o fizeram.
O caminho de volta não foi difícil, já que Anthony havia feito um mapa das ruas. Não estava completo, mas terminar essa missão agora não importava, a prioridade era salvar o padre.
Assim que se aproximaram da estátua na praça, onde as mulheres estavam reunidas, Lisa, mulher de Nicholas, exclamou, assim que os avistou:
- Mas o que...!?
O senhor inconsciente foi depositado no chão e logo as mulheres e os dois homens começaram a discutir sobre o que poderiam fazer para salvá-lo. Ninguém tinha nada que pudesse ajudar no ferimento.
Felizmente, havia a blusa de Davis que ele havia deixado perto da estátua, e que elas usaram para estancar o sangue. Após ver que o padre continuava inconsciente, Anthony retomou à sua missão de mapear as ruas faltantes da parte Norte. Agora era só esperar o padre acordar.
* * *
Já era de noite e todos já tinham voltado da expedição. Juntando-se os quatro mapas, eles puderam ver como era a cidade em que estavam. Gary agora havia se juntado a eles novamente e pôde presenciar a cara de espanto daquelas quinze pessoas ao juntarem todos os pedaços. A cidade não tinha saída. Onde acabava o mapa da parte Norte deveria entrar o mapa da parte Leste, onde deveria ser os limites do Oeste, era completo com a parte Sul e assim por diante. Aqueles mapas simplesmente não se encaixavam, não formavam uma figura retangular e nem com qualquer outro formato. Um ar de tensão tomou conta de todos. Só caíram em si, quando ouviram alguém tossindo ao longe. Era o padre.
Conforme puderam averiguar, a pessoa que ele presumiram ser padre e na verdade era bispo, também havia caído naquela cidade misteriosa ao acaso. Ele lembrava-se de que, após andar durante vinte minutos pela cidade, sentiu muita dor nas costas e foi ao encontro do chão. Alguém havia o atacado por qualquer motivo que desconheciam. O nome do religioso era bispo Di Ravenna, justamente por ter nascido na região com o mesmo nome, na Itália. Apesar de ser mais fluente em italiano, não tinha dificuldades em se comunicar com os demais; afinal, era multilíngüe e dominava vários idiomas.
Samantha, naquela noite, enquanto a lua brilhava no céu, começou a se lembrar de quando conheceu Davis e Jacques naquela manhã, de quando foram surpreendidos pelas doze pessoas e de quando Gary e o bispo haviam se juntado eles. Totalizavam um grupo de dezessete agora.
Dezessete pessoas completamente diferentes, unidas por um só laço: o instinto de sobrevivência.
Um Sol que nasce a Norte, uma estátua indescritivelmente fantástica, uma mensagem como últimas palavras de um homem e um padre atacado sem razão. Todos esses fatos pareciam demais para um dia só, mas mal sabiam eles que o que os aguardava a partir daquela noite seria muito, muito pior.
Próximo capítulo: Domingo, 22 de julho