domingo, 24 de junho de 2007

Capítulo 5 - A Oitava Maravilha do Mundo

Nos capítulos anteriores...

Jacques Chevalier, um senhor francês, estava andando pela rua quando, subitamente, aparece em uma outra cidade. Lá encontra Davis e Samantha, que também não fazem idéia de como foram parar naquele lugar. Os três caminham por entre as ruas a procura de uma explicação quando, de repente, vêem mais doze pessoas em uma praça, todas na mesma situação: perdidos em uma cidade estranha. Elas levam o trio para conhecer algo no meio da praça. Uma estátua. Mas não era uma estátua comum...



Sete.

Um número tão fabuloso e intrigante que seguiu o curso da evolução humana e, até hoje, figura nas mais surpreendentes geometrias. Sete eram as formas dos Deuses do Olimpo, sete eram os sábios da Grécia, sete são as cores do espectro solar, o número de cabeças da mitológica Hidra de Lerna, as trombetas do Apocalipse.

Atípatro de Sídon também usou o número quando, por volta de 150 a.C., listou em um poema as Maravilhas do Mundo Antigo. As Pirâmides de Gizé, a Estátua de Zeus em Olímpia, os Jardins Suspensos da Babilônia, o Mausoléu de Halicarnasso, o Templo de Ártemis em Éfeso, o Farol de Alexandria e o Colosso de Rodes foram, por muito tempo, considerados os maiores monumentos já erguidos por uma civilização. Somente as sete.

Entretanto, para quinze pessoas que, nesse momento, vislumbravam uma das mais suntuosas estátuas já esculpidas, esse conceito estava prestes a mudar.

* * *

Era impossível deixar de notá-la. A estátua a frente deles era um dos mais belos monumentos existentes.

Seu tamanho não era tão colossal, não chegava a dois metros, no entanto, o que estava esculpido era, no mínimo, peculiar.

A imagem que exibia era de um homem já idoso sentado em uma cadeira praticando uma atividade que parecia lhe satisfazer. Ele estava jogando xadrez.

O tabuleiro tinha as 32 peças, todas posicionadas em suas casas iniciais. Peças claras e escuras se encaravam.

No lado oposto ao tabuleiro, havia uma pessoa que aparentemente era um senhor também. Pelo menos era o que se podia deduzir, embora ninguém tivesse certeza: o adversário do homem idoso não tinha a parte da cintura para cima.

O monumento era basicamente isso: duas pessoas jogando xadrez, uma delas um senhor e a outra a metade de baixo de alguém.

Entretanto, havia algo naquela peça que chamava a atenção. Era uma força, um sentimento que todos sentiam, mas ninguém sabia descrever. Uma certa angústia, um medo, mesclado com uma sensação reconfortante de alívio e tranqüilidade.

Não era somente uma estátua acinzentada esculpida em uma bela pedra que, diga-se, refletia o Sol de maneira admirável; era mais do que isso.

- Meu Deus! Mas que estátua... - sussurrou Jacques.

- É linda! - disse Davis, impressionado - mas nada tão extraordinário. Você é físico Jacques, me espanta sua surpresa. É simplesmente uma estátua...

- Não, não é - interveio a menina de 18 anos que se chamava Joanne - É fascinante! O ar ao redor até...

Nem precisou completar, todos já haviam entendido.

Passado o susto inicial, os três - Davis, Jacques e Samantha - caminharam ao redor da estátua para ver o outro lado dela.

- Engraçado... ela não parece ter sido desgastada ou danificada pelo tempo. Quantos anos será que ela tem? - indagou Davis.

- Na verdade, tem cerca de dois mil anos.

Quando Samantha disse isso, todos os olhos se voltaram para ela.

- Como...

- Eu sou arqueóloga, Jacques. Pelas marcas na grama, a textura da pedra e as árvores ao redor, pode-se dizer que ela é razoavelmente antiga.

- Ela não deveria ter sinais do tempo, então? - questionou o saxofonista Johann Bohr.

- Claro, deveria. Mas há algo ainda mais estranho, o corte aqui - disse Samantha apontando para a pessoa sem busto - está perfeito demais para ter sido feito por uma ferramenta ou mesmo por qualquer outra coisa que eu possa imaginar.

Seguiu-se ao comentário um sentimento de incômodo entre eles. O que dissipou o ar constrangedor foi o barulho de pássaros acima deles. Ao olharem para cima constataram que, estranhamente, as aves que por ali passavam sobrevoavam a estátua por alguns instantes antes de irem embora.

O pensamento de que mais mistérios ainda estavam por vir inquietavam as quinze pessoas em frente àquela estátua majestosa.

Possivelmente para amenizar o clima, um homem chamado Anthony brincou:

- Talvez cortar o cara ao meio pode ter sido vingança por uma derrota no jogo - riu – ao invés de revanche, o destino do cara o levou à morte... ou quase isso.

Morte.

Mal sabiam eles que essa palavra iria e tornar tão freqüente no seu vocabulário a partir daquele dia. Provavelmente começaram a desconfiar disso quando viram um homem arfando desesperadamente, correndo na direção deles e caindo no chão, deixando a mostra seu corpo ensangüentado.

(Continua...)

Próximo capítulo: Domingo, 01 de julho